Nem tudo é sobre a revolução digital. Sua marca é mesmo revolucionária?

A CPO da 6P Silvia Bianchi Machado abre uma conversa sobre a revolução digital das marcas e suas estratégias para preencher as necessidades dos consumidores.

Enquanto futurólogos e trend watchers de plantão preveem como serão os desdobramentos do comportamento da vida on-line para o consumo, os tempos pandêmicos jogam a nós, profissionais de marketing, a missão de digitalizar de vez a comunicação das empresas. Observo atentamente esses profissionais agindo como aceleradores de um consumo digital irreversível, buscando plataformas e meios inovadores para se fazer presente na vida dos consumidores.

Ao mesmo tempo, meu espírito curioso de planner sempre busca trabalhar com vista a um olhar mais analítico em direção às pessoas. E para elas, vale a paixão e a afetividade também na hora de consumir. Aprendi com as leituras de Julio Ribeiro que “o consumidor não existe, existem pessoas que, entre várias funções, exercem também a de consumir”.

Por isso, neste texto, gostaria de abordar um questionamento: tenho a impressão que as empresas estão totalmente voltadas às estratégias para preencher as necessidades dos consumidores, oferecendo a eles, através de IA e algoritmos, possibilidades de encontrar seus produtos e serviços de maneira fácil e simples. Ao mesmo tempo, se angustiam demais porque os leads gerados a partir de tais estratégias nem sempre são qualificados. Muitas vezes são bons números de pessoas que desistem de consumir ao longo da jornada traçada. Por quê?

A antropologia do consumo nos diz que o ato de consumir exige a identificação com padrões de significados que tenham importância estrutural para a vida das pessoas no campo da necessidade, mas, sobretudo, do desejo. E quando nos deparamos com o  espírito de nosso tempo, encontramos o desejo de reparação aos extremos que nos levaram ao consumo status, ao exibicionismo e ao exagero. O consumo agora é existencial, só faz sentido se traduzir essência e compromisso com a mentalidade de cada um.

Assim, convido clientes e agências a repensarem suas estratégias e, principalmente, suas ações e discursos. O que temos a dizer para conquistarmos o primeiro clique? E o mais importante: qual o diálogo que vamos manter com nossos leads, essas pessoas que querem empatia, verdade e representatividade no ato de consumir?

Precisamos conversar abertamente sobre inclusão, racismo, feminismo, diversidade. Esse é o desejo desta época: sairmos da crise sanitária e econômica que nos assola mais sustentáveis enquanto sociedade. E isso passa pelo consumo.

Novas técnicas como a Netnografia conseguem mergulhar em análises mais qualitativas e interpretativas ao promover conversas e grupos on-line com influenciadores e informantes que realmente têm o que acrescentar na construção de brands e buyers personas. Considero que abrir este espaço de conversa pode tornar as marcas e agências mais corajosas para tocarem em temas complexos, mas essenciais. Porque a revolução comportamental das marcas tem que ser tão rápida e verdadeira quanto a digital. E essa é também uma revolução do marketing.

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